Com a bênção de Damião, Brasil volta à final olímpica após 24 anos (Postado por Lucas Pinheiro)
A medalha de ouro olímpica é uma obsessão para o país que venceu cinco vezes a Copa do Mundo e tem uma das seleções mais temidas do planeta. Nas duas vezes que chegou mais perto da conquista, o Brasil sucumbiu na decisão e ficou apenas com a medalha de prata. Em 1984, nos Jogos de Los Angeles, perdeu da França. E quatro anos depois, em Seul, foi derrotado pela extinta União Soviética. Depois disso, levou dois bronzes: em 1996, em Atlanta, e 2008, em Pequim.
Para o duelo decisivo contra o México, o Brasil chega embalado por uma campanha goleadora. Fez três gols em todos os cinco jogos até aqui no torneio masculino de futebol das Olimpíadas da Londres. E mais: Leandro Damião, com seis gols, é o artilheiro da competição. O atacante do Internacional, aliás, é o terceiro maior goleador brasileiro nos Jogos, perdendo apenas para Bebeto (oito) e Romário (sete). No jogo desta terça-feira, o jogador deixou para trás Ronaldo Fenômeno, com cinco.
Apesar da ótima campanha, a Seleção, observada nesta terça pelos presidentes Joseph Blatter, da Fifa, e Jose Maria Marin, da CBF, tem mantido certa irregularidade durante as partidas, muito embora tenha mostrado também poder de reação. No duelo com a Coreia do Sul, mais uma vez, o Brasil levou alguns sustos. Mas dessa vez não sofreu gol, e depois que encaixou seu futebol sobrou diante de um assustado e atrapalhado adversário. Os sul-coreanos, agora, disputam o bronze contra o Japão, sexta-feira, às 15h45,
Para os jogadores da Coreia do Sul, a conquista da medalha, mesmo que de bronze, é como um título. Em especial porque o governo local prometeu aos medalhistas a dispensa do serviço militar. A final dos Jogos Olímpicos e a disputa pelo bronze têm transmissão ao vivo do SporTV e acompanhamento em Tempo Real pelo GLOBOESPORTE.COM.
Após pressão, Seleção acorda com percussão
O Brasil demorou a se encontrar no primeiro tempo. A Coreia do Sul tocava melhor a bola e chegava com mais facilidade à área da Seleção. A entrada de Alex Sandro melhorou o poder de marcação pelo lado esquerdo. Os asiáticos, por sua vez, deram trabalho nos primeiros 20 minutos de jogo sempre pela direita, principalmente com o atacante Ji Dongwon.
Aos 11 minutos, a defesa não se encontrou, Nam passou por três jogadores, chegou à linha de fundo e cruzou. A bola escorou na defesa e sobrou para Hyunsung Kim, que bateu fraco. No desespero, Sandro apareceu e cortou para escanteio. Esse foi só o cartão de visitas para a sequência de lances perigosos da Coreia do Sul.
O Brasil parecia nervoso. A troca de Alex Sandro por Hulk até surtia efeito em parte. Mas não no setor ofensivo. Aos 13, Gabriel dividiu no alto com um rival, e a bola sobrou quicando na entrada da pequena área. Ji Dongwon dividiu com Juan, e Thiago Silva, quase na linha do gol, afastou o perigo. O time estava perdido, sendo dominado pelos rivais.
Dois minutos depois, Ji Dongwon soltou a bomba da intermediária, e a bola passou rente ao travessão de Gabriel. O Brasil acordou a partir dos 19 minutos. Marcelo arrancou da defesa, passou por três adversários e lançou para Leandro Damião. O atacante invadiu a área, levou a bola para a perna direita e chutou para a defesa de Lee.
A partir daí, o jogo ficou igual. Os sul-coreanos até tocavam a bola, mas já não encontravam as mesmas facilidades. Aos 27, um fenômeno curioso. Um grupo de brasileiros teve acesso à arquibancada do Old Trafford com instrumentos de percussão. Ao mesmo tempo, o time canarinho subiu de produção e passou a ser mais perigoso.
Dez minutos depois, o prêmio pela persistência na marcação da saída de bola dos rivais. Sandro recuperou a bola no meio de campo e tocou para Oscar. O apoiador carregou até a entrada da área e rolou para Romulo. O volante finalizou de primeira, sem muita força, mas o goleiro Lee aceitou: 1 a 0 Brasil. Festa da torcida no estádio do Manchester United.
Nos acréscimos, Ji Dongwon, destaque da equipe no primeiro tempo, ainda aproveitou a bobeada de Juan para finalizar forte da entrada da área por cima do travessão de Gabriel. Tudo sob o olhar atento do técnico Roberto Mancini, comandante do Manchester City, arquirrival do United na cidade inglesa.
A estrela do artilheiro
A Coreia do Sul voltou como começou o primeiro tempo. Em cima da Seleção. E, logo aos três minutos, a arbitragem deixou de marcar um pênalti claro para os asiáticos. Kim Bokyung recebeu lançamento em profundidade, invadiu a área e foi derrubado por Sandro. O juiz Pavel Kralovec, da República Tcheca, mandou o lance seguir.
O Brasil tinha muitas dificuldades para sair do campo de defesa para o ataque. Abusava dos lançamentos dos zagueiros, sempre buscando uma casquinha de cabeça de Damião para Neymar sair na cara do gol. Em vão. Os sul-coreanos marcavam bem a jogada.
Mas quando conseguiu produzir uma boa jogada, o time canarinho fez o segundo gol. Aos 11, Neymar tabelou com Marcelo e recebeu na área. O atacante foi à linha de fundo e cruzou para trás. O lateral-esquerdo furou, e a bola sobrou para Damião, que bateu de primeira para marcar mais um para a Seleção.
Com o gol, Damião chegou aos cinco nas Olimpíadas, igualando-se na artilharia da competição ao senegalês Konate. A partir daí, os sul-coreanos sentiram o golpe, e o Brasil passou a tocar a bola, buscando os espaços para ampliar o marcador.
E foi no toque de bola que o time fez mais um. Neymar recebeu um lindo lançamento de Thiago Silva do campo de defesa. O atacante tocou para Oscar, que tentou devolver. A bola bateu na zaga e sobrou para Damião dentro da área. O atacante bateu colocado para se tornar o goleador da competição, com seis tentos.
A Seleção seguiu tocando bola, buscando os espaços para marcar mais um. Não precisou porque os sul-coreanos já tinham perdido a força demonstrada no início dos dois tempos. No fim, festa brasileira e a chance de buscar o inédito ouro olímpico, no próximo sábado, no mítico Wembley, em Londres.
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