terça-feira, 7 de agosto de 2012

À sombra de Bolt e Blake, brasileiros se garantem nas semifinais dos 200m (Postado por Lucas Pinheiro)

Usain Bolt foi barrado ao chegar ao Estádio Olímpico de Londres. Estava sem credencial. Ele, recordista mundial, bicampeão olímpico e consagrado neste mesmo palco dois dias antes, não poderia entrar. Com atraso, após sua liberação, iniciou o aquecimento com a expressão fechada. Na pista, já mostrou a descontração habitual, fez graça com a torcida e descontou o aborrecimento anterior da melhor forma: com passadas rápidas. Não como nas finais, mas o suficiente para garantir, com folga, a classificação para as semis dos 200m rasos: 20s39. Ali, na mesma série e na raia do canto, o brasileiro Aldemir Gomes arrancou nos últimos metros, chegando atrás apenas do ídolo (20s53).

O filme se repetiu três séries depois. Yohan Blake foi o mais veloz (20s38), e Bruno Lins, finalista da prova no Mundial de Daegu, cruzou em segundo (20s52). O mais rápido no geral foi o colombiano Alex Quiñonez, que completou a distância em 20s28. As semifinais estão marcadas para as 16h10m (de Brasília) desta quarta-feira.

Aos 20 anos, Aldemir comemorava a ida para a próxima fase. Em sua segunda competição adulta de nível internacional - a primeira foi o Ibero-Americano deste ano - ele preferiu pensar que estava num treino para encarar a estreia olímpica e exatamente na série que conta com o recordista mundial.

- Ali eu não penso em nada. Não tenho que ficar olhando para as raias ao lado porque senão vou perder. Eu treino sozinho e não podia perder o foco por estar num estádio enorme e com o melhor do mundo por perto. É claro que quando olhei o balizamento fiquei um pouquinho pressionado. Não peguei uma raia muito boa (correu na 9) e fui na série mais forte. Tive que me conter, colocar tranquilidade na cabeça e no coração. Não corri bem na curva, mas foi só primeiro tiro. Agora é continuar com a mesma pegada e tenter um lugar na final - disse.

Um troféu ele já ganhou. Após o fim da prova, ouviu algumas palavras de Bolt. Só não tem ideia do significado delas.

- Não sei falar inglês, não entendi nada que ele falou. Mas me disseram que falou bem demais. Ele puxou a série, fez a diferença.

Pouco depois, foi a vez de Yohan Blake fazer o mesmo. O brasileiro em sua bateria era Bruno Lins. O jamaicano não precisou ser esforçar muito para vencer. O velocista brasileiro, sim.

- Os caras (Bolt e Blake) estão sobrando. Mas a gente tem que ir para cima, acreditar. É uma motivação a mais ter um cara assim correndo do seu lado. Treinei bastante, tive lesões, senti muitas dores e agora chegou o momento mais importante do ano. O tempo que fiz foi bom, mas a partir de agora vai ter que ser abaixo de 20a30. Tem que correr forte mesmo porque está bem difícil. Eu errei um pouco na entrada da curva para a reta, estava ansioso, mas agora vou correr bem - afirmou.

Mesma sorte de Aldemir e Bruno não teve Sandro Viana. Com 21s05, ele foi o sétimo - Ben Youssef Meite foi desclassificado - da última bateria.

- Foi um resultado atípico. Não consegui crescer na reta e ficou difícil de recuperar a prova. Agora é pensar no revezamento. Ainda será definido quem irá correr. É esperar - lamentou.

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