Ronda Rousey defende MMA e nota diferença dos tempos de judoca para atual momento de campeã do UFC (Foto: Divulgação / Combate)
Ronda rebate críticas ao MMA e diz: "Não gosto de machucar as pessoas"
Em
declaração a tabloide australiano, campeã peso-galo do Ultimate
relembra status de "heroína americana" nos tempos de judô e destaca
salvação através da luta
Por Combate.comMelbourne, Austrália
Com status de maior representante do UFC na atualidade, Ronda Rousey
conquistou, além do cinturão, milhões de fãs pelo mundo. No papel de
formadora de opinião, a campeã peso-galo do Ultimate faz questão de
defender o modo de vida e rebate quem classifica o MMA como um esporte
brutal e sangrento.
Em uma declaração ao tabloide australiano
"Herald Sun", a americana, que defende o título da organização no dia
14 de novembro, em Melbourne, contra Holly Holm, afirmou que, diferente do que pensam muitas pessoas, o objetivo de um lutador não é machucar o adversário.
-
Eu sou uma lutadora, mas não uma pessoa violenta. Não gosto de machucar
as pessoas. Se alguém se machuca, não é o objetivo das minhas ações –
na verdade prefiro vencer sem ninguém se machucar. Mas as lesões fazem
parte do meu negócio, assim como lesões no punho para pessoas que
escrevem todos os dias para ganhar a vida.
Entre lembranças do passado e pensamentos sobre o futuro, Ronda destacou
a diferença de tratamento quando foi medalhista olímpica, relembrou o
suicídio do pai e pediu respeito pelo esporte classificado como arte.
Confira a íntegra da declaração de Ronda:
"Agosto de 2008, em Pequim,
na China. Eu estava fazendo tudo que podia para quebrar o braço de uma mulher
da Argélia que eu mal conhecia. Sendo uma judoca experiente, ela sabia que não
havia nada que pudesse fazer para me parar e bateu na minha perna para
sinalizar que tinha desistido. Eu ganhei a luta na minha rota para minha
medalha de bronze olímpica. Fui a primeira mulher do meu país a conquistar uma
medalha olímpica no esporte. Muitas pessoas me chamaram de “heroína americana”
naquele dia.
Fevereiro de 2013, em uma
arena lotada na Califórnia. Eu estava fazendo tudo que podia para quebrar o
braço de uma outra mulher que eu mal conhecia, chamada Liz Carmouche. Lutadora
experiente, ela sabia que não havia nada que pudesse fazer para me parar e
bateu na minha perna para sinalizar a derrota. Eu fui a primeira mulher a ganha
um título do UFC. Muitos me chamaram de “bárbara” naquele dia.
Eu sou uma lutadora, mas não
uma pessoa violenta. Não gosto de machucar as pessoas. Se alguém se machuca,
não é o objetivo das minhas ações – na verdade prefiro vencer sem ninguém se
machucar. Mas as lesões fazem parte do meu negócio, assim como lesões no punho
para pessoas que escrevem todos os dias para ganhar a vida. Por alguma razão eu
nasci de uma mãe que foi campeã mundial de judô. Por alguma razão eu perdi meu
pai por suicídio aos oito anos de idade. Eu carregava tanta tristeza, raiva e aversão
a mim mesma, mas por algum motivo encontrei uma saída que me salvou. Lutando.
Para mim, lutar não é uma
exibição de brutalidade ou glorificação da violência. Lutar é uma metáfora para
a vida. Todos que você encontra todos os dias estão lutando por alguma coisa,
mas a vida é complicada e o motivo pelo qual está lutando muitas vezes não fica
claro.
Quando foi a última vez que
algo áspero tocou sua pele? Quando foi a última vez que você teve que suportar
uma temperatura desconfortável? Quando foi a última vez que você esteve em uma
situação de alta pressão? Vivemos em uma época de tecidos macios, ar
condicionado e troféus de participação. Todos nós temos a necessidade de sentir
um pouco de desconforto para nos convencer que estamos acordados. Uma
necessidade instintiva de nos beliscar como prova de que não estamos sonhando.
Isso pode aparecer no modo de se sentar e assistir uma luta, ofegando,
encolhendo, pulando, gritando e sentindo o seu coração torcendo para um lutador
que, por algum motivo, você escolheu se identificar.
Lutar gera glória aos
fãs. Quando estou no octógono, não estou pensando em machucar a pessoa que está
na minha frente. Eu sou a solução dos problemas. O que poderiam estar pensando?
O que eles sabem sobre mim? Como eles tentam resolver minhas coisas? O que alguns chamam de esporte sangrento, eu
chamo de jogo de altas apostas.
De todas as coisas no mundo que
eu tenho que dar conta sobre meu passado e futuro, a única que está na minha
cabeça na hora da luta é o problema que estou tentando resolver. É uma fuga e
uma saída para o artista, não uma briga. Não é brutalidade, é uma arte. É uma
oportunidade para a coragem, um exercício de superação. E eu agradeço se você
não me julgar por isso."
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