segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De ressaca e moicanos, Brasil joga duro, mas vê a Argentina campeã (Postado por Erick Oliveira)

A torcida gritou, cantou, xingou, como se a vaga em Londres-2012 ainda estivesse em jogo. Dentro da quadra, os atletas vibravam a cada lance, o técnico se irritava, o banco pulava. A derrota para o Brasil na primeira fase ainda parecia engasgada, e a Argentina entrou para jogar sério – muito sério – a final da Copa América na noite deste domingo. Do outro lado, jogadores felizes, que voltaram para o hotel no meio da madrugada após quebrar um jejum olímpico de 15 anos e, para marcar o fato, ainda estrearam novos penteados no estilo moicano. Dentro da quadra, não deram moleza. Jogaram de igual para igual a maior parte do tempo, chegaram a liderar por seis no último quarto, mas não resistiram. Na final que tinha gosto de revanche para um lado e ressaca para o outro, melhor para os hermanos. Com a vitória por 80 a 75, foram eles os campeões, no dia em que a Geração Dourada emocionou um público apaixonado com sua última exibição em solo argentino.
As duas equipes já entraram em quadra com a conquista maior. Na véspera, o Brasil bateu a República Dominicana, e a Argentina passou por Porto Rico. Com isso, os dois vizinhos seguem juntos para Londres. Se a final não importava tanto para o Brasil (Alex chegou a perguntar “Que final?” na véspera), para a torcida argentina valeu como uma despedida comovente da geração que conquistou o vice-campeonato mundial em 2002 e o ouro olímpico em 2004. Depois de Londres, craques como Ginóbili, Oberto, Delfino e Nocioni não devem vestir mais a camisa da seleção.
Para delírio dos compatriotas, Scola fez uma exibição de luxo. Carregou o time nas costas, levantou a arquibancada várias vezes e anotou 32 pontos. Do outro lado, o maior pontuador foi Marquinhos, com 17.
Apesar do vice, o Brasil volta para casa festejando a todo vapor. A delegação deixa Mar del Plata às 8h desta segunda-feira e segue de ônibus até Buenos Aires. De lá, toma o avião para São Paulo, com desembarque em Guarulhos previsto para o fim da noite. O técnico Rubén Magnano, reverenciado pela torcida durante todo o torneio, decidiu ficar mais um tempo na Argentina.
Coube ao Brasil abrir o placar com Tiago Splitter, mas não demorou muito tempo para a Argentina tomar conta do jogo. Com oito pontos de Scola, seis de Delfino e o combustível extra que vinha das arquibancadas, a vantagem começou a crescer. Ao fim do primeiro quarto, o ginásio lotado já cantava satisfeito com o placar de 21 a 9.
Com a segunda falta de Huertas, Rafael Luz assumiu a armação, e o Brasil melhorou. A diferença, que era de 12, caiu para três, mas por pouco tempo. Bastou Julio Lamas pedir um tempo para o cenário se organizar de novo para os donos da casa. E começaram as despedidas. Scola, que foi a 18 pontos antes do intervalo, teve seu nome cantado pela torcida. Na quadra o clima chegou a ficar tenso em alguns momentos, com o Brasil jogando para valer, mas o placar era dos argentinos: 35 a 27.
Quando parecia que o segundo tempo seria só uma formalidade, o Brasil se agigantou. Apertou a defesa, acertou a mão no ataque e, para surpresa geral, virou o jogo. A torcida percebeu, então, que não bastava cantar a despedida. Era preciso gritar pela vitória. E o Ilhas Malvinas quase veio abaixo. Jogando mais solta, a equipe visitante se manteve na cola e, na virada para o último período, perdia por só dois pontos: 50 a 48.

Giovannoni já abriu o quarto com um tiro certeiro de três. Na sequência, Benite e Huertas acertaram bandejas complementadas com faltas. Apreensão no ginásio, porque o Brasil liderava por meia dúzia. Kammerichs reduziu a vantagem, e o barulho no ginásio era cada vez mais ensurdecedor. Chegou ao auge quando Scola cuidou da virada, acertando uma bandeja, sofrendo a falta e guardando o lance livre. Pouco depois, ele repetiu a dose, chegando a 28 pontos e abrindo quatro. Prigioni, bem atrás da linha de três, fez a diferença chegar a cinco e o ginásio tremer. Mas ali a torcida já sabia que a despedida da Geração Dourada em solo olímpico seria com vitória. E o Brasil, a bem da verdade, não sofria tanto por isso, com a vaga em Londres bem guardada na bagagem da volta. Marcelinho Machado, herói do jogo da véspera, fez a diferença cair para dois em uma cesta de três nos segundos finais. Mas não houve tempo para mais.

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